Vejo altear-se diante de mim as montanhas para as quais tantas vezes me senti atraído. Cheguei a ficar neste lugar horas inteiras, desejando ardentemente transportar-me até lá, mergulhando com toda a minha alma naquelas florestas, naqueles vales que, tão cheios de estranha sedução, envolvidos pelos véus vaporosos, se ofereciam aos meus olhos. A tentação me servia e aos poucos me seduzia fazendo com que eu cedesse-a. E, quando era chegada a hora de regressar a casa, com que tristeza eu me afastava deste lugar querido. As lágrimas escorriam supostamente em meu rosto. E o doce vento as secava rapidamente.
Conta-se que há uma briosa espécie de cavalos que, perseguidos, quando se vêem demasiadamente excitados tem o instinto de abrir unia veia com os dentes para não rebentarem sufocados. Sinto às vezes vontade de fazer o mesmo: abrir uma veia e conquistar assim, para sempre, a liberdade. Para que ninguém mais me sufoque, seja com palavras, gestos ou simplesmente com olhares. Quanto ao resto, eles gosta mais da minha inteligência e dos meus talentos do que do meu coração. Se é que tenho inteligência. A única coisa, entretanto, de que sou cioso e que é a fonte da minha força, da minha felicidade e de todo o meu sofrimento. Ali! O que eu sei, todos podem saber, meu coração, porém só eu, mais ninguém pode possuí-lo.

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