Desprezo de uma sóbria mulher


Sou um corpo ainda não soterrado. Que sobrevive de restos e mais. De sentimentos inacabados. De noites que não terminam em dia. Com as forças chegando ao fim. Sou quase um pesadelo. Com data de fim já marcada. De dias chuvosos que não terminam em sol. De pecados que não terminam em perdão. Troquei de rumo. Da boneca fiz o batom e o veneno com sabor de uva passada. Vinho era o nome. Tão barato quanto minha vida. E assim fui seguindo. E as minhas lágrimas caem como um véu. Deixando minha face loucamente entristecida. Até porque a mulher já estava madura demais para brincar de bonecas. Os brinquedos tinham de ser trocados. E o desprezo renovado.

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