Na medida do possível.
Na medida do possível, tento parar de pensar em você. E todas as noites procuro não fechar meus olhos para que você não venha nos pensamentos e sonhos. Na medida do possível procuro não lembrar de você em todos os momentos e sempre olhar para o horizonte mas sempre que olho vejo seus olhos olhando para os meus escorrendo lágrimas. E perco o fôlego quando citam seu nome em qualquer lugar que seja. Os olhos enchem d'água, o sorriso toma a cara, os ossos tremem. Músculos contraem, gelam-me as têmporas, e o cenho se estica ao extremo. Eu te entrego essa flor. Eu entrego esse amor, para que você faça o que quiser. Eu me entrego. Não é muito, mas é sincero. Não é muito, mas é verdadeiro. O que eu te peço não é muito. O que eu te peço será o suficiente para me fazer feliz. Não é muito, mas é meu.
Naquela noite
Foi naquela noite. Iria propor algo diferente. Iria propor veneno. Estava propondo um jogo que ela já entrou perdendo. E na algazarra silenciosa os sapatos discutiam a relação. Enquanto jogávamos ingenuamente. Pelo menos da parte dela. E me sentia só. Me sinto melhor só do que se estivesse com alguém incapaz de me sentir único. Ou talvez acompanhado melhor do que minha própria companhia para mim mesmo. E o meu paletó brigava com o seu casaco na penteadeira atrás da porta. Dava para ouvir. E os nossos laços se desunirão. Nossas escovas se dispersaram. Nosso amor vagou no nada. E apesar daquilo e disso, meus dedos rugiam chamando seu corpo. Meus olhos imploravam o veneno. Minha saliva era ácido. Tanta vontade para nada. E de nada adiantou. Tudo continuou como estava. Eu salivando. E ela jogando aquele jogo inexistente enquanto brigávamos. Tanto esforço. E nada. Estou vivo. Corro riscos. Estou sujeito a tudo. Talvez a todos. Nada que uma boa dose de conhaque não resolva as pequenas ou grandes rusgas.
Show Business
Na cova o colocaram. Com todos aqueles detalhes. Trajes pretos, coroas de flores, canto fúnebre. Mas o morto se levanta, com aparência pálida, olhos fundos e enferrujados. Alma seca, podre de tanto desfalque, podre por tanta mentira. As lágrimas secam com o vento soprando ao seu favor. Ninguém merece chorar por algo tão ruim. Ele não merecia que os outros chorassem por ele. Ele só merecia ver os que o colocaram naquele túmulo no mesmo lugar. Então, dito e feito. O espetáculo começa e todos estão envolvidos. Cotidiano excitante. Quanto descaso e quinquilharia. No mundo das ilusões o surreal não passa de futilidade. E no mundo das ilusões girou. E ninguém sabia de nada. Fingiam não saber das verdades. Já tinha muita gente sabendo. Já tinha muita gente morrendo. O funeral virou lugar de arte. Tudo não passou de exagero. Tudo não passou de circo. Show Bussiness ou show de Truman.Tudo não passou de sangue derramado. Excitante. Um espetáculo de horrores que teve fim. Espero não ter mais motivos para reestreiá-lo novamente.
De mim, eu mesmo.
Schloß
Transparentes. Feito meu amor. Pelas vitrines, nos arranjos arranjados pelos corações alheios. De sujo, ao molhado. Do seco ao limpo. Construi castelos de sorrisos quase sinceros. Errei no quase. E dos milhões de castelos, construídos a partir das expectativas proporcionadas pela ganância, não errei no quase. Errei nas expectativas conjuntas com a ganância. Com efeitos relevantes, com razões emocionais suficientes para largar todos os meus castelos construídos e pressuposto a vários quases, e outros erros. Eu sei. E de tanto errar, ou procurar aperfeiçoar, precisava parar de tentar. As razões me levaram aos céus. E fora me enviado uma mulher, ainda oculta, para que me fizesse descobri o quão transparente eu sou. Com o cabelo negro liso, com os olhos pretos, e uma boca vermelha. Corpo moldado e esculpido por anjos divinos. E todas as manhãs, veria essa grandiosidade dos céus. Mas nunca nos comunicamos além de breves comprimentos com os olhos aguçados de desejo. Me entreguei com o coração na mão. Mesmo ainda não sabendo qual seria a escolha da mulher. Arquiteto de castelos eu sempre fui. Mas foi ela, que me fez tornar arquiteto de mim mesmo. Se eu te amo ainda é cedo. Eu te amarei depois.
Amor tímido
Nessa natureza que quer romper e resistir. Energias que desorganizam os órgãos, intensidade pura em plena produção desejante. Nas aventuras de uma sedução, seus olhos me chamam. Me convidam para você. E a dúvida me consome por inteiro. Talvez esteja apaixonado demais, e capaz de ver coisas irreais. Um sopro é uma ilusão. E meu eu controverso se engana, ou se acerta nesses incertos destinos. Nunca estive tão certo. Nunca estive tão menos errado. Aquele seu sorriso logo pela manhã. O seu andar. Talvez tímido. Talvez modesto. E nessa descrição absurda, não acho palavras que descreva o quão absurdo é esse sentimento cor de batom. Se o amor é forte demais, eu te amo escondido. Secretamente, e trancado por sete chaves. Ou talvez oito. Amor tímido. Profundo. Profundo como um pires. Profundo como meu coração.
Miragem
Tive um sonho de sonhador. Sonhei com você e com seus olhos negros brilhantes. Sonhei com você e com seu cabelo liso. Sonhei com seu corpo sobre o meu, e nós deitados sobre uma cama verde de grama molhada. Sonhei com você e eu. E agente era mais feliz do que o normal, em tempos que felicidade custa um pouco mais do que se tem nos bolsos. E meu coração batia em diferentes ritmos, meu corpo tremia em sintonias alçantes. Quando você me pegava imóvel olhando fixamente para você, as maças do rosto sempre tomavam as mesmas cores. E meus olhos enxiam de lágrimas. Não sei eu o porque deles se enxerem. E eu levanto voo. E você levanta voo. Te levei para lugares inimagináveis. Você me ensinou a verdadeira razão de estarmos juntos. Te apresentei a terra do meu coração. E como num caleidoscópio, giramos, e nos tornamos um só. E usarei de artifícios significativos pra te ter um dia. O que eu tiver de usar, eu usarei. Que mal tem eu te admirar tanto? Que mal tem eu sonhar com o impossível? Eu sempre te procuro. E quando te vejo, te olho. Até meus olhos cansarem. Uma miragem de sonhos e planos. Imploro para que a noite venha. Imploro para que o sono me retorça. Porque você é minha quando eu fecho os olhos.
Graça desgraça
Não me pergunte nada. Se no contrair do músculo facial seu rosto se desconfigura devagar, eu gozo rindo da desgraça. Fiz questão de apresentar a morte e o medo para você. Tanta confiança em um ser capaz de trair. Tanta confiança em um ser incapaz de amar. E relembro do que fizestes comigo e com meu rosto hoje desfigurado. Não consigo amar. Nunca consegui, sempre escondi, mas esse não é o grande problema. O grande impertinente problema é a falta que sinto do meu sorriso antigo. Afinal, um dessorriso não significa inferioridade, e sim a falta de vontade do meu lábio em lhe contemplar com falsidade. Falsidade que hoje se resume em mim. Mas não tente me arrancar sorrisos, porque o que eu preciso não é de alguém que me faça rir, e sim de alguém que ria comigo daquilo que hoje eu julgo ser engraçado. Para mim hoje, só a desgraça tem graça. A minha desgraça, cujo você foi o feitor, por alguns longos instantes eu chorei, mas agora rio. Porque se eu for chorar hoje, escorrerá sangue dos meus olhos. Se hoje estou mau, amanha estarei muito pior. É a contradição humana.
Alguém
Tanta peleja e absurdos frontais. Tanto afago e lágrimas. Implorei por alguém. Implorei que alguém chamasse alguém. Alguém que me entenda, me escute e diga o que pensa. Apoie, ature, acuda. Alguém que me olhasse nos olhos e me beijasse devagar. Alguém que limpasse minhas lágrimas. Ou não as fissesse cair. Alguém de tormentos compartilhados. De pecados imperdoáveis, que ninguém além de mim pudesse perdoar. Se o amor é forte demais, eu te amo em segredo. E vivo esperando esse alguém. Sempre esperarei por esse alguém. Pelo tempo que for. Esperarei esse alguém. Alguém suficiente para fazer meus segundos mais felizes. Me deixo levar pelos instantes. Deve ser o ar dos trópicos.
Nada
A propósito de me engajar nessa ríspida incidência amorosa. Dilema fatal. Desprezo moral. Nada se compara aos prazeres exercidos por nós mesmos nessa troca de afetos em que insisto em continuar trocando. E no decorrer do jogo, quase me entrego. Tesão desperdiçado. E nessa minha viagem sem sentido, me vejo no nada. Me vejo acima de nada, perto do nada, abraçado com o nada. Decepção. Não quase entrego-me mais. Não mais desperdiço meus orgulhos. Não quero mais. Não sei mais. Não quero sorrir. Não quero ver você. Prefiro morrer, e arder no inferno a ter que me deparar com sua cara. É triste mas é necessário. Não sei se estou mal, mas bem é que não estou.
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